domingo, 18 de julho de 2010

Contando Histórias (Coluna de Mãe Sheila D'Oxum)


"A chegada do Candomblé ao Brasil E Suas Primeiras casas (Ilé)"
Por Mãe Sheila D'Oxum*


Candomblé é uma das Religiões Afro-Brasileiras praticadas principalmente no Brasil, mas também em países adjacentes. Entre 1549 e 1888, a religião foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos da África para o Brasil, juntamente com seus Orixás, sua cultura, e seus dialetos.

Embora confinado originalmente à população de escravos, proibido e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. É agora uma das religiões principais estabelecidas, com seguidores de todas as classes sociais e dezenas de milhares de templos. No período da escravidão no Brasil, os negros formavam suas comunidades nos engenhos de cana.

Na Bahia, princesas, na condição de escravas, vindas de Oyó e Keto, fundaram uma comunidade num engenho de cana que funcionava numa Roça na Barroquinha, dentro do perímetro urbano de Salvador.

As princesas chamavam-se: Iya Detá, Iya Kalá e Iya Nassô.
O Engenho “Velho” chama-se Ilé Iya Nassô Oká.

No início, as atividades do Ilé Axé sofreram perseguições da Sociedade e por parte da Polícia. Já no período da República, o candomblé fora proibido de exercer as suas atividades e os Terreiros ficaram subjugados à Delegacia de Jogos, Entorpecentes e Lenocínio.

À Iyà Nassô, sucedeu Iyà Marcelina. Após a morte desta, duas das suas filhas, Maria Júlia da Conceição e Maria Júlia Figueiredo, cabendo à Maria Júlia Figueiredo que era a substituta legal (Iyà Kekeré) tomar a posse de Mãe do Terreiro. Maria Júlia da Conceição afastou-se e fundou outro Ilé Axé, o GANTOIS no ano de 1849. Substituiu Maria Júlia Figueiredo na direção do Engenho Velho, a Mãe Sussu (Ursulina de Figueiredo).

Com a sua morte, Sinhá Antonia, substituta legal de Sussu, por motivos superiores não podia tomar a chefia do Candomblé, em consequência o lugar de Mãe foi ocupado por Tia Massi (Maximiana Maria da Conceição).

Vencendo o partido da Ordem, os Descendentes fundaram então, outro Ilé Axé, o OPÓ AFONJÁ.


Mãe Sheila D'Oxum

* Mãe Sheila é Iyalorixá. Foi iniciada no Rio de Janeiro em 1976 por Josertina da Cruz Lessa (Mameto Oya Ice), filha de santo de MonaDewi, também conhecida como Vó Nanã, fundadora de uma conceituada casa de tradição Banto em Aracajú-SE da raiz Bate Folha. Na década de 80 passou a fazer parte da nação Ketu ao tomar suas obrigaçõs com Baba Beto de Ajaguna. Em 1993, fundou sua "Casa de Santo", o Ilé Àse Àáfin Àbàmì Òsun, em Campos Elisios - Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro, onde funcionou por alguns anos, e hoje é situada no Jardim Angélica - Piabetá. é divulgadora e defensora da Cultura Afro e Afro-brasileira. Desenvolve um trabalho de exclarecimento e entendimento aos seus filhos de santo, e procura informar ao máximo o povo em geral, através de programas de rádio e palestras, a respeito da cultura e da religiosidade afro que já foi tão reprimida no passado, e é discriminada ainda nos dias de hoje.

Um comentário:

luzia disse...

adorei a sua coluna muito bem escrita beijos de sua admiradora da tijuca espero um dia poder encontrar voce e poder conhecer sua casa meus pesames pela recente morte de sua mae bjs ao fernado