domingo, 18 de julho de 2010

Cultura Religião - Entendendo Suas Origens (Coluna de Paulo Franco)


"Nação Jêje Nagô"
Por Paulo Franco

Olá queridos Leitores! É com imenso prazer que disponibilizo este material on-line, tal como o escrevo.

É do conhecimento de todos, que existem no Brasil práticas oriundas de divérsas partes da África, e ainda práticas que se consolidaram aqui mesmo no Brasil devido a missigenação cultural, e muitas vezes são motivos para grandes polêmicas.

Vamos ler o texto enviado por uma colaboradora:


"A nação Jêje Nagô é uma religião afro-descendente que teve origem na antiga Dahomé, hoje é a atual República de Benin na África, sua origem se deu através da FAMÍLIA JI, mais tarde especificamente NAUÁ (NANÃ) como sua fundadora e matriarca, sua união teve início através de bairros vizinhos dentro da Dahomé que com constantes guerras entre seus povos se uniram e daí nasceu o JÊJE NAGÔ, assim como os FON designam os Yorubas, AJEJI que significa (estrangeiro) e NAGÔ (profundo, escondido) seus cultos eram fechados sendo realizados somente entre pessoas que moravam nestas tribos; os antigos Yorubás se referiam, na crença dos Voduns através dos seus segredos milenares que se fazem vivos até os dias de hoje, mantendo sua cultura, sua tradição. Assim como nos primeiros atos dos antepassados JEJÊ NAGÔ, no fundamento de origem da antiga Dahomé, mantedora do mais puro conhecimento passado de geração para geração, ou seja, de pai para filho. Com começo do tráfico negreiro no ano de 1885, ouve a separação deste grupo nascendo daí várias nações de Jêje. Há poucas descendências de JÊJE NAGÔ no Brasil. O termo ‘Nagô’ no Brasil, muitas vezes, é utilizado para discernir os diferentes grupos étnicos, tais como os mais conhecidos (Ketu, Sabe, Óyó, Egba, Egbado, Ijesa, Jebu, Banto e Efon) que a moderna etnologia chama de Yorubá generalizando-as por estarem vinculados a uma linguagem comum entre elas chamado "nação". Então, JÊJE NAGÔ é o escondido profundo que traz os mistérios dos Yorubás, aquilo que busca o conhecimento e o mistério, onde se encontra o significado e a origem de cada Vodun e nos ensina a cultuá-los de forma correta sem esquecer sua verdadeira origem (FON).

O Jêje Nagô tem no seu calendário festivo, e a sua principal comemoração são as "PANELAS DE NANÃ", que nas casas de outras nações como: Ketu, Efon, Angola, etc., comemoram em Agosto o Olubajé, que tem como significado a festividade em comemoração a FAMÍLIA JI (NAUÁ, AZAUANI, ABALUAÊ, VODUN DAN, YEWA, IROCO, OSSÃE, ITOTO) sendo aberta ao público, também se comemora nesta Nação a Feijoada de Togum, a Festa de Heviosso, Festa dos Vungis e Owon Omi Laió (As Águas de Vodun LISA). Nesta nação a casa (KWE) está em funcionamento o ano todo, somente cessando suas atividades por 03 (três) meses, após este período retorna às suas funções normais tanto internas quanto externas, porém nunca interrompendo os Orikis (Rezas) que é o marco dentro do Nação Jêje Nagô. Na Bahia na cidade de Ilhéus o Kwe Jidan Vodun Jo através de sua Mejito Dan Sra. Maria de Fátima mantém viva a Nação Jêje Nagô e a sua Cultura Afro Religiosa visando possibilitar o crescimento espiritual dos seus Filhos de Asé, os induzindo ao caminho dos VODUNS com amor e paz trazendo equilíbrio físico e psíquico perante as adversidades fortalecendo cada um perante os obstáculos, assim como expandindo todo conhecimento histórico e condições sociais e assuntos relacionado aos VODUNS perante a sua Nação."


Texto enviado por Adriana Santos, Ilhéus-BA.
kwejidanvodunjo@hotmail.com


Vamos entender?
Analisando o texto enviado por nossa colaboradora Adriana, percebemos, neste caso, um entrelaço cultural entre as etnias Fon e Yorúbà, que no primeiro momento, pode nos parecer confuso. Mas, logo, devemos entender que Jeje Nagô, é diferente de Jeje Mahi. Partindo deste princípio, a compreensão começa a aparecer, e tudo clareia quando lembramos de alguns fatos históricos.

Sabemos que a nação conhecida no Brasil como Jeje Mahi, é um culto pertencente a etnia Fon, já praticado desde antes da instauração do império do Daomé, é uma crença politeísta, e seu Deus (Vodun) principal é Dan, em algumas casas é Becen, e sua grande festa é o GBoitá. Tanto no Brasil quanto na África, principalmente em Uidá no Benin, este culto se faz presente, mantendo viva a tradição Fon.

Agora vamos voltar no passado, e lembrar de alguns fatos da história da África. No reinado do Rei Agadjá (1716-1740) o Daomé conquistou Aladá, onde ganhou contato direto com os comerciantes de escravos europeus na costa, porém Agadjá era incapaz de derrotar o reino vizinho de Oyo (Oió), principal rival do Daomé no comércio de escravos, e em 1730 transformou-se em um vassalo de Oyo (Oió), embora conseguisse ainda manter a independência do Daomé. Neste exato momento, temos o primeiro registro de fortes influências Yorúbà no Daomé, que até então era formado, em sua maioria, por povos Fon. O seu apogeu econômico ocorreu no início do século XIX com a exportação de grande quantidade de escravos para o Brasil e Cuba, tanto que o litoral era conhecido como Costa dos Escravos. O Daomé foi enfim conquistado pela França em 1892-1894. A maioria das tropas que lutaram contra o Daomé eram compostas por africanos nativos, a isto se acrescentou o sentimento de hostilidade contra o reino, particularmente entre os Yorúbà, levando à sua derrota final. Em 1960 a região alcançou a independência como a República de Daomé, que mudou mais tarde seu nome para Benin.

Identificamos então, que esta forma de culto, no Brasil denominada “Jeje Nagô”, ou ainda “Nagô Vodun” origina-se ou foi sendo moldado exatamente neste período (1730 à 1894), onde os Fon recebiam fortes influencias da cultura Yorúbà. O que explica este Culto a Vodun, com termos no idioma Fon e ao mesmo tempo uma grande presença de expressões da cultura Yorúbà.


Paulo Franco
paulofrancorio@hotmail.com

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