"A Religiosidade na Política"
Por Fátima Damas
Desde os mais remotos tempos as religiões sempre estiveram juntas da política. Em eventos públicos sempre marcam presença, ao lado de autoridades de Estado, representantes de outros segmentos religiosos. Não vemos nessas ocasiões os representantes da Umbanda e do Candomblé.
A Umbanda e o Candomblé não possuem representatividade reconhecida no Poder Público para se impor e se fazer presentes na cobrança ao Estado de políticas públicas que garantam um tratamento igual por parte do Executivo, Legislativo e Judiciário e da sociedade em geral para com seus adeptos. Esse fato se dá por alguns fatores:
a) a troca das grandes demandas da Umbanda e do Candomblé (espaços públicos para liturgias e oferendas, assessoria jurídica gratuita com agenda permanente, participação mais efetiva e objetiva dos adeptos na construção de planos sócio-políticos, projetos de lei, etc.) por favorecimentos políticos na forma de doação de telhas, construção de muros, cestas básicas, etc., permitidos por chefes de terreiros inescrupulosos que deveriam, ao contrário, como formadores de opinião em suas Casas de Santo e em suas comunidades, orientar seu corpo mediúnico a votarem de forma ética e coerente e a cobrarem daqueles que só aparecem em dias de eleição o cumprimento das promessas da campanha, normalmente esquecidas.
b) a expansão da política econômica neoliberal onde impera a lei de Gersom (a lei da vantagem), a lei do mais forte no mercado (canais de televisão, rádio, revistas, etc.) anulando todas as reivindicações das minorias (serão minorias?!), aliada ao poder do lobby e à doutrina da prosperidade difundida pelas igrejas eletrônicas, onde se lida com Deus na base da barganha. Os grupos neo-pentecostais sem dúvida estão mais voltados para a política e a comunicação de massa - estabelecendo-se em áreas carentes de ações públicas, que até existem, mas não são eficazes - auferindo para si cada vez mais poder político.
c) concessões do Poder Público para exploração de canais de televisão e rádio.
Nas religiões afro-brasileiras observa-se a preocupação religiosa com os preceitos de evolução espiritual e material dos indivíduos, todavia em confronto com as demais religiões, esses cultos encontram resistência às suas necessidades, precisando; portanto, da ação política como ponto de apoio na elaboração de lei que complementem a Constituição Federal, proibindo a discriminação da Umbanda e do Candomblé em todos os níveis.
Daí a luta em que se empenha a Congregação Espírita Umbandista do Brasil, um elo da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, preocupada também com os terreiros menores e em menor destaque em nossa comunidade, que buscam a inclusão e a absorção de seus direitos.
É conveniente que o “povo do santo” fique alerta e não-omisso nos períodos pré e pós eleição, tendo uma ação afirmativa em seu meio, contra a grande quantidade de candidatos que empregam até mesmo a linguagem e gestos religiosos, tentando iludir a boa fé daqueles que praticam a crença umbandista e candomblecista, e que esperam um tratamento de igualdade do Poder Público.
Fátima Damas
Presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil
Sacerdotisa do Templo Umbandista Vovó Maria Conga do Congo
Rua Sampaio Ferraz, 29 – Estácio – RJ – Cep: 20250-040
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