segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Intolerância faz vítimas, todos os dias, no país; religiosos, homossexuais, negros e nordestinos são alvos

RIO - O Brasil de todas as raças, culturas e credos está intolerante. Negros, homossexuais, nordestinos, moradores de rua e religiosos são alvos constantes de preconceito. As agressões vão muito além da violência física: incluem de xingamentos a ataques na internet. Somente a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, com sede no Rio de Janeiro, registrou no estado, de janeiro de 2009 ao mês passado, 119 atendimentos que resultaram em 63 processos na Justiça. O grupo ainda acompanha dez casos em quatro estados.

Os números também são altos no Programa Rio Sem Homofobia, que recebeu, nos últimos 12 meses, cerca de 600 denúncias de agressões contra gays. No feriado prolongado da Proclamação da República, dois casos engrossaram as estatísticas de violência nacional. Um jovem de 19 anos foi agredido no Rio por militares do Exército e baleado . Ele havia participado de uma parada gay em Copacabana. Já em São Paulo, três jovens foram vítimas de um grupo de rapazes na Avenida Paulista. A polícia investiga se a causa foi homofobia.

- Houve sempre um falso discurso de que o Brasil era tolerante, uma democracia racial e religiosa. Mas também havia um mundo de invisíveis, que sofriam preconceito calados. Grupos passaram a se organizar e a lutar contra a intolerância e os casos começaram a ser divulgados - diz o sociólogo Paulo Baía, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ.

Para Baía, o preconceito tende a crescer, em especial contra religiosos, por ser muito difundido por meio da Internet. Ele alerta para a perseguição promovida por igrejas neopentecostais fundamentalistas que, em sua visão, representa um risco à liberdade religiosa. Segundo o pesquisador, os fiéis miram nas religiões católica e de matriz africana, como o candomblé.

- Os fundamentalistas difundem que só a religião deles é boa. Eles satanizam as demais e propagam a intolerância.

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